O número de mulheres diagnosticado com câncer de mama continua crescendo de maneira alarmante. De acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a previsão é superior a 52 mil novos casos e aproximadamente 13 mil mortes para o ano de 2013 no Brasil. As causas para este cenário são diversas, principalmente a desinformação sobre a importância do diagnóstico precoce e dos métodos de tratamento. A maioria das mulheres realiza o autoexame como principal método de cuidado com a saúde da mama, em detrimento da mamografia, muitas vezes por causa da falta de indicação do médico.
Em 2008, o Datafolha realizou uma pesquisa encomendada pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) revelando que para 68% das entrevistadas, a quimioterapia ainda é a principal forma de tratamento e somente 4% citaram as novas terapias existentes, como as biológicas alvo-dirigidas. Esse dado é o retrato do conhecimento parcial sobre a doença por parte das mulheres, ou seja, para a maioria delas descobrir o câncer de mama ainda é sinônimo de mutilação, de perda de cabelo e de muito sofrimento. Mas o cenário pode ser diferente e a mulher precisa saber disso. Hoje a diferença está no diagnóstico precoce e no acesso ao tratamento no tempo adequado.
O estudo da Datafolha teve como objetivo verificar o conhecimento das mulheres brasileiras sobre o câncer de mama, as formas de diagnóstico, tratamento e tipo de doença conhecidos. O resultado mostrou que elas não fazem a mamografia com a frequência recomendada (uma vez ao ano a partir dos 40 anos de idade, segundo a Sociedade Brasileira de Medicina). Apenas 35% das entrevistadas citaram a mamografia como principal forma de diagnóstico, 31% realizam o exame com o médico e 82% delas somente o autoexame. Os resultados ainda revelaram que 79% das entrevistas reconhecem o câncer de mama como uma ameaça à sua saúde e até à sua vida.
Por um lado, elas já sabem que o câncer de mama é grave, que traz risco à saúde e que se descoberto no início, as chances de cura aumentam. Desconhecem, contudo, a mamografia, o principal exame para detectar a doença logo no início. As mulheres precisam ter acesso a informações sobre a forma mais adequadas de diagnóstico precoce. Hoje em dia existem tratamentos específicos para cada tipo de câncer. As mulheres devem estar cientes que se o tumor for diagnosticado cedo e tratado de forma adequada, as chances de cura chegam a 95%. Por isso, a importância de médicos ginecologistas conscientizarem e incentivarem as pacientes em relação ao cuidado, com atenção aos fatores de risco (obesidade, sedentarismo, consumo de bebidas alcoólicas) e preservarem a mamografia de acordo com as devidas recomendações.
Maira Caleffi, médica mastologista,
Presidente Voluntária da FEMAMA
Texto Veiculado no site da Femama